30.6.11

Stop se não lhe causar muito incómodo

Ontem estive envolvida na mais recreativa operação stop da minha vida! Ao sair da A1, eram cerca de duas horas da noite, vi ao longe o aparato policial que há sempre nestas operações e a indicação para que encostasse. Se à partida já não é muito entusiasmante parar numa operação stop, muito menos o é quando se está a chegar àquelas horas a casa, se esteve a trabalhar, se tem sono e é necessário levantar cedo no dia seguinte…
E nós – eu e os meus queridos sócios – não sabíamos, mas ainda pode haver pior do que ser mandado parar àquela hora, cansados e com sono. Podemos ser mandados parar àquela hora, cansados e com sono, para a primeira operação stop de meia dúzia de gê-éne-érres que deverão estar a vestir a farda pela primeira vez.
Enquanto à minha esquerda a única mulher da companhia me batia a mais maquinal continência, do lado direito, em cima do passeio, podíamos ver uns cinco ou seis jovens, imberbes e franzinos, que se alinhavam como os pinguins à beira mar no pólo norte, mas com o semblante assustado de quem acabou de chegar numa carruagem a auschwitz e não sabe bem o que lhes espera.
Dentro da viatura, dividiamo-nos entre o desespero de irmos servir de cobaias àqueles jovens e a vontade de rir – que por vezes se transformava mesmo em sorrisos demarcados – por toda aquela ambiência pitoresca.
A menina - que fugiria a correr se eu lhe mandasse um grito - pediu-me formalmente “os seus documentos e os da viatura” e ficou a observar a minha carta e o cartão de cidadão enquanto eu procurava os documentos do carro. Entreguei-lhe o documento único, o comprovativo da inspecção e o seguro e enquanto ela tentava coordenar nas mãos tanto papel e plástico chegou, do outro lado da estrada, um mais experiente GNR que lhe veio dar indicações de como deveria agir. Levou-a para a frente do carro para que confirmasse com os documentos de que se tratava realmente da viatura em causa nos mesmos e abeirou-se dos pinguins à nossa direita dando-lhes indicações de procedimento, enquanto a assustada menina regressava à minha esquerda, com todos os documentos empilhados na palma da mão e me perguntava, bebeu alguma coisa?! […] Não?! Então pode-me mostrar o triângulo e o colete, por favor?! [Nem vamos imaginar o que ela quereria que eu lhe mostrasse se tivesse bebido.] Fomos à mala e mal ela vislumbrou o triângulo, quase culpabilizando-se por nos ter feito sair do carro, disse logo que não precisávamos de o tirar. Mala fechada e eu sentada novamente ao volante, agradeceu e desejou uma boa viagem enquanto do lado direito lá continuavam os pinguins muito hirtos e talvez já a desconfiar que lhes esperava um resto de vida de trabalhos forçados. O GNR veterano acenou-nos um trejeito de agradecimento envolto num sorriso de professor grato por termos ajudado as suas crianças. E nós seguimos viagem em sorrisos, por finalmente se poder comentar aquele episódio. Nos quilómetros que me levaram a casa, fui acompanhada por um sorriso e a imagem - quase fofa - dos pinguins assustados à direita da viatura.

4 comentários:

Nelly disse...

ahahahhahah...Foi lindo!! Nunca mais vou esquecer aquela frase: Bebeu alguma coisa?? Não..Então mostre-me o seu triangulo por favor!!

franksy! disse...

Foi uma operação stop para ficar na memória! :p

bonifaceo disse...

Podiam ser todos assim, crentes na nossa resposta a essa "terrível" pergunta. :D
P.S.: Não é que abuse na bebida, mas às vezes, nunca se sabe...

franksy! disse...

se beber, não conduza!!!