Por seres tão maior do que alguma vez imaginei e comeres bananas e não conheceres as cassetes que cantam os mp3 dos leitores e nem reparares que entornámos o pacote de pipocas no banco de trás, por a camisa ser tantas vezes aos quadradinhos e as calças lilás, por ires pelos montes a dentro com os outros pneus que são ainda maiores, por eu agora poder dormir numa cama maior que o meu carro, pelos candeeiros e esse jeitinho para a bricolage, por seres incansável e a sorrir, pela jeropiga do teu avô que eu imagino que fosse a melhor que alguma vez se bebeu junto a mim, pelo atum com pinhões, pela ana que sabe cozer tagliatelle, pelo calor impossível das praias alentejanas, por me desligares o candeeiro quando adormeci no leito do livro, pelos pedacinhos de concertos, por beberes a aguardente de medronho por mim - e pelo tio zé manel, por teres chegado ao parque de campismo quase de manhã e o mali ter ficado irremediavelmente imobilizado pelo meu dormir, pelos pisang bem servidos, por faltares aos casamentos, por compensares com bouquets, por seres um daqueles amigos que se encontram, no máximo, três [tristes almas contentes] na vida!
Parabéns Joãozinho!
2 comentários:
naqueles dias o cansaço adormecia.
eram dias respirados de fora para dentro.
absorvia-se cores em abundância que resgatavam sorrisos. crescia a cada passo.
naqueles dias Santiago Nasar adormecia-me.
não o quis de um só folêgo. preferi-o em breves minutos em noites largas. nunca lhe perguntei quando iria morrer.
naquele dia percorri quilómetros atrás do mali.
imaginei conversas gesticuladas à minha frente. desejei walkie-talkies, over.
naquela noite senti-me familiar.
despedi-me do Santiago,
- Estou cansado e estou aqui pelos dias, não pelas noites.
e iniciava um boa noite para ti quando vi que já era o livro que te abraçava as mãos. com um levantar e andar de bicos-de-pés, não te queria acordar, aproximei-me. retirei-te o livro suavemente, não te queria acordar, e fechei-o. aconcheguei-te os lençóis com jeitinho, não te queria acordar. beijei-te a testa ao de leve, não te queria acordar, e sussurei um dorme bem. foi então que me perdi nas linhas faciais de um sonho. era um sonho, tenho a certeza. não sei quantos minutos o olhei. não os quantifiquei. apenas sei que respiravas profundamente. ainda hoje acredito que esboçaste um sorriso. acredito. desliguei o candeiro com movimentos lentos, não te queria acordar. recolhi ao meu sítio e não mais sai de lá.
naqueles dias o cansaço adormecia.
beijo
o cansaço também me adormecia!
e naqueles dias cresci mais que em muitos anos, e expeli tudo de mau que nem era meu e fiquei melhor. para mim e para os outros.
O Santiago Nasar já me tinha adormecido algumas noites há uns anos atrás! Como se lhe adivinhava a morte, também eu, nunca me questionei quando ela aconteceria!
Pelo retrovisor do mali, viamos-te o sorriso e realmente lamentavamos a falha dos walkie-talkies. over 'n out.
naqueles dias deviamos ter fundido aqueles oito pneus.
naquela noite a piscina falhou-me e só a menina dos olhos profundos se ensereiava pela água que brilhava ao luar.
naquela noite, mais uma vez, foi o livro que me adormeceu a mim. mas naquela noite alguém o adormeceu antes que nele re-acordasse!
obrigada!
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