21.12.07


O Sequeira nem sempre estava de serviço à bilheteira. Mas nesses dias entretinha-se, com idoneidade, a colocar homens e mulheres lado a lado em viagens de longo curso. Era um bilhete para Braga em turística para não fumadores. Imaginava que assim surtiria oportunidade de enamoramentos. Emparelhava-os pela proximidade de idades, pelos hábitos de fumo e até pela aparência ou jornais e livros que lhes vislumbrava debaixo dos braços. A que horas é o próximo para Campanhã?! Era uma tarefa que necessitava de bastante concentração e de uma capacidade de observação maioral. Um para Coimbra com cartão jovem, à janela, por favor. O Sequeira nunca quis saber se as suas tramas resultavam. Achava demasiado herculeano tentar sabê-lo. Confiava isso em segredo ao cuidado do destino. Eu enjoo. Preciso mesmo de ir virada para a frente. Nunca soube, nem poderia saber, que das suas maquinações resultou realmente um casamento, mas também um homicídio, inúmeras noites de sexo, algumas idas promíscuas à casa de banho, duas queixas-crime na judiciária e imensos absolutamente nadas.

5 comentários:

Daniel MP disse...

Bravo!

ana... disse...

eu que faço parte dos imensos e absolutamente nadas, apetece-me abraçar-te e não te largar nos próximos tempos.
gosto tanto quando fazes isto... fazes tão bem feitinho.

franksy! disse...

Obrigada meninos e meninas! Por me manterem sempre abraçada e chegarem-me do vosso gosto àquilo que faço.

acho que somos três casos de absolutamentes nadas! mas antes isso que homicídio! ;)

Daniel MP disse...

Pois é, uma canseira! Nem uma promíscua ida ao beliche da carruagem cama...:)

O Sequeira não nos tira a pinta!

franksy! disse...

O meu Sequeira chama-se Margarida!
[dezembro 2007]