Lembro-me de ter saído da estação de comboios. Lembro-me da estação ser um edifício baixo e fechado. Lembro-me de modernismo. Lembro-me de autocarros e automóveis de um lado para o outro e lembro-me de um grande café na esquina. Lembro-me de uma longa passadeira. Lembro-me de uma igreja destruída, reconstruída num fabuloso efeito de vidro azul. Lembro-me de uma pequena barraca de crepes onde regressei às escondidas. Lembro-me de uma grande e inócua praça. Lembro-me de uma loja de souvenirs onde passámos muito tempo. E lembro-me, na continuação da rua, de restaurantes de fastfood; foi a única vez na vida em que entrei na KFC [não chegando almoçar, o balde de gordura com que me deparei era demasiado assustador]. Lembro-me de muitos adolescentes, que seriam estrangeiros, pelo menos à cidade. Lembro-me de, pela grande avenida a fora, haver festivais de cerveja, feiras de livros e exposições. Lembro-me da rua da embaixada americana estar vedada com arame farpado. Lembro-me de cartazes a contestar o bush, em plena invasão ao afeganistão. Lembro-me de cuidados jardins a separar os majestosos edifícios que serviam instituições e museus. Lembro-me de demandarmos o famoso muro e lembro-me da nossa desilusão ao encontrá-lo. Lembro-me do longo caminho que fizemos até lá chegar. Lembro-me de um supermercado onde nos abastecemos. lembro-me da fantástica descoberta da feira dos ursos. Lembro-me do meu infantil entusiasmo a percorrer todos eles. Lembro-me das altíssimas estátuas que ornavam as rotundas. Lembro-me de grandes e verdes parques que começavam numa ponta e acabavam na outra. Lembro-me do anoitecer.
Sem comentários:
Enviar um comentário