1.9.08

da capacidade de chorar


não vê que estou a chorar, desculpe, não sei mais o que lhe dizer. a agente sorriu, respondeu-lhe, já vi chorarem até ursos de pelúcia, cara senhora, com esse truque não liberto ninguém.

apocalipse dos trabalhadores, valter hugo mãe


Há cerca de um ano esvaí-me em lágrimas. Não foi um acontecimento trágico e único, foi episódico, e pelo fim do verão, mesmo sem o saber, tinha perdido a capacidade de chorar.
Imaginava que tivesse esgotado o stock lacrimal para um bom par de meses. Mas foi um pouco mais que isso. Houve alturas em que quis chorar para sentir aquele alívio ainda em soluços de peito solto e alma aberta, mas nunca consegui. Era aterrador… sufocante. Em vésperas de natal lá houve alguém que – inconscientemente – me pôs a chorar! Era um choro parecido com o emotivo. Ou talvez mesmo parecido com nada. Sozinha na casa grande, fui libertando as lágrimas que me ficaram presas desde o verão. No final já nem me recordava porque havia começado. Apenas me sentia aliviada.
Depois, só retornei às lágrimas em finais de Julho último. Uma resposta mais ríspida - ou menos doce - despoletou todo o processo lacrimal em mim. Mais uma vez as lágrimas abundaram. Desta vez, por estar acompanhada, não me queria desafogar assim. Ali. Mas o organismo foi mais forte que esta vontade e lá veio à tona mais de meio ano daquela clausura emocional.
E este episódio, sem que mais uma vez me apercebesse, veio dar início ao meu processo natural. Agora já me comovo novamente até às lágrimas por tudo e por nada. Felizmente não voltei a precisar de chorar. Só rir.

In my weakest moments I weep 'Cause I like the way, tears fit my cheek In my darkest moments I cry Oh how I love the way, tears suits my face I like it salt I like it wet Like my makeup in a mess So I cry hard Let it fall And I won't stop until my tears are all shed So I weep So I weep So I weep So I weep In my joyous moments I moan 'Cause it feels so good when I let my water flow Drip drop, and I cannot stop Can't stop, no I said no Drip drop, and I cannot stop Can't stop I cry for you, cry for you I cry because I cannot help it So it runs, yes it falls And ain't no stopping at all I like it salt I like it wet Like my makeup in a mess So I cry hard Let it fall And I won't stop until my tears are all shed So I weep So I weep So I weep So I weep Let it fall!
Let it fall, lykke li

5 comentários:

o outro gajo dos wham! disse...

Um dia ainda dou uma bela martelada no dedo!...

http://coimbraeumalicao.blogspot.com/2008/05/segunda-mo.html

;)

spiv disse...

São adoráveis molhadas. Repare-se bem na sueca. Uma querida. Também as fadas soltam lágrimas. Já vi. Com a cabeça para baixo e com a cabeça para cima. À luz do sol, a humedecer o linho. E aqui o palerma a testemunhar através duma sombrinha transparente.

franksy! disse...

Queres uma solução, Jerzinho?

SPIV, a sueca é, realmente, uma querida! Só a música…
Nunca vi fadas soltarem lágrimas… lucky you que o fizeste de forma tão romântica!

jerónimo disse...

Venha ela!...

franksy! disse...

um dia que vás jogar basket com o teu amigo calheiros, come-lhe no carro!!!
ouves até às lágrimas, meu caro! até às lágrimas!!!