11.11.10

um dia acordamos e é a vez da desgraça estar à nossa porta

Tenho sorte por ainda não ter chegado esse dia para mim. Mas cada vez mais o vejo chegar a pessoas à minha volta. Faz parte do processo de crescimento e da socialização. É? A morte, especialmente, perturba-me imenso. Um dia qualquer, sem aviso, acordamos e pensamos que será apenas mais um dia. Melhor ou pior. Mas acabamos por receber um telefonema que nos deixa prostrados. Morreu o pai de alguém, morreu a mãe de alguém, morreu o amigo, morreu o tio, morreu a nossa avó… E pode piorar. Pode piorar muito. Numa perspectiva mais egoísta, impressionam-me as mortes não anunciadas. Ainda que sejam uma bênção para quem as recebe. E mesmo não sendo a minha família ou os meus amigos, as mortes de pessoas próximas arrasam-me. Pelos que ficam. Perco o apetite. Perco a vitalidade. Sonho-os sem pedir. E lembro-os num sufoco de não conseguir sequer imaginar o quanto será. E umbiguizo a situação, porque… podia ser eu. Podia ser eu a chorar a morte de quem faz parte de mim. Podia ser eu a asfixiar na dor insuportável. Porque dentro de umas horas eu já me vou conseguir rir, mas estas pessoas não. Aqui ao meu lado disseram-me outra vez em tom crítico-preocupado tu sofres demasiado com a dor dos outros…, como se eu conseguisse optar. Tu não sabes, mas o meu coração está contigo sara!

3 comentários:

couve-flor. disse...

como te compreendo.

margarete disse...

"Porque dentro de umas horas eu já me vou conseguir rir, mas estas pessoas não."

é isso, é isso

franksy! disse...

é pesadíssimo...