O secretário de Estado da Juventude e do Desporto, Alexandre Miguel Mestre, achou por bem e oportuno aconselhar os jovens portugueses desempregados a… emigrar. Verdade. Vem nos jornais e não foi desmentido.
Pode parecer insólito que um governante, perante uma situação de emergência nacional, só tenha para dizer aos respectivos governados que lhe desamparem a loja. Vão para longe, mostrar o que valem, e se um dia decidirem voltar não se esqueçam de trazer algum ‘know how' na mala de cartão. Poderá também acontecer que o governante tenha procurado ir ao encontro dos desejos dos governados que, face ao modo como o País é administrado, sintam um irreprimível desejo de fugir daqui para fora. O jovem governante pode ainda ser dos que pensam que o maior problema de Portugal é o dos portugueses. Despachar os jovens desempregados que, segundo o Eurostat, são mais de 27 por cento dos portugueses com 25 anos ou menos, seria em tal perspectiva um valioso contributo para a resolução do problema nacional. Seja como for, o conselho do neófito governante é a mais explícita declaração de falência de uma política apresentada por um dos seus executantes.
A verdade é que não há um dia - um que seja, para amostra - em que se dê por qualquer medida positiva em relação à população em geral e aos jovens em particular. A pretexto da crise, Portugal está a seguir uma política de terra queimada em matéria de direitos sociais e laborais, do direito ao trabalho ao direito ao descanso, passando pelo direito a uma remuneração justa. E que ninguém duvide que nada disto tem carácter provisório, pelo contrário, tudo vai continuar a regredir.
Uma terra que escorraça os filhos não é uma Pátria. É a madrasta cruel dos pesadelos dos filhos.
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