Mas já só consigo pensar na roda pequena da vida, que ontem se deteve no
corpo de um gato escuro, violentamente terno. Há ausências assim,
impronunciáveis. Saber que a dor se irá tornando tolerável, que
continuaremos a cumprir a breve sucessão dos dias, é tudo menos um
consolo. Será, quando muito, um acréscimo de humilhação, o modo baixo
como a vida nos obriga a aceitar o inaceitável.
*
Toquei ontem, pela última vez, na cauda fria de um gato. Chamava-se, neste mundo, Barnabé.
Manuel de Freitas, Ubi Sunt,
Lisboa: Averno, 2014
Obrigada Sofia*
Sem comentários:
Enviar um comentário