1.11.15

Fará sentido celebrar a ausência?

Mas já só consigo pensar na roda pequena da vida, que ontem se deteve no corpo de um gato escuro, violentamente terno. Há ausências assim, impronunciáveis. Saber que a dor se irá tornando tolerável, que continuaremos a cumprir a breve sucessão dos dias, é tudo menos um consolo. Será, quando muito, um acréscimo de humilhação, o modo baixo como a vida nos obriga a aceitar o inaceitável. 
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Toquei ontem, pela última vez, na cauda fria de um gato. Chamava-se, neste mundo, Barnabé.
Manuel de Freitas, Ubi Sunt,
Lisboa: Averno, 2014

Obrigada Sofia*

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