(...) olhar mais tempo do que aquilo que nos é pedido (insisto neste
suplemento de intensidade), perturba todas as ordens estabelecidas,
quaisquer que sejam, na medida em que, normalmente, mesmo o tempo do
olhar é controlado pela sociedade; donde, quando a obra escapa a esse
controlo, a natureza escandalosa de certas fotografias e de certos
filmes: não os mais indecentes ou os mais agressivos, mas simplesmente
os que têm o mais tempo de pose.
Carta de Roland Barthes a Michelangelo Antonioni. Bolonha, 1980.
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