3.8.06

vou sempre com pressa

Ao passar pelos trabalhadores encostados à sombra, tive uma enorme vontade de reagir a uma das provocações. Por segundos quis-me virar para trás e pela primeira vez, com toda a minha força esmurrar a cara do asqueroso jovem moreno e musculado que me dirigiu a frase. Queria aleijá-lo! Mas não queria seguir o meu caminho. Queria que ele me esbofeteasse pelo seu orgulho ferido e pela vergonha em frente aos seus companheiros. Que me deslocasse o maxilar. A minha cara já coberta de saliva ensanguentada demonstraria só raiva. E durante todo o tempo eu não sentiria dor. Tentaria pontapeá-lo e obviamente que ele me agarraria pelos cabelos, a arma fácil para um cobarde como ele. E eu, nas minhas limitações, apesar das minhas forças usualmente ocultas se demonstrarem agora ali como se uma combatente fosse, tentaria com os meus pontapés acertar-lhe nos órgãos genitais acabando assim com todas as suas forças que ficariam concentradas na dor que lhe causaria. Então os seus colegas tentariam agarrá-lo e amparar-me por ser uma mulher, mas o polícia que fazia ronda por aquela zona aperceber-se-ia da zaragata e aproximar-se-ia. Seríamos ambos levados para a esquadra. A minha roupa lavada teria por aquela altura manchas de sangue escorrido da minha face. As dores começariam a surgir. E eu poderia por fim defender-me em frente ao agente evocando a causa que desencadeara a minha reacção. Ao passar por ele comentou "vais com pressa…"

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