não ouve mas saberá

Neve não será porque eu gosto mais de peixe. Quando me comprimem o peito transportador de tanto, consumo a sensatez. Discorro apenas abaixo do pescoço e sou impulsiva. Mas eu sou impulsiva. Não resisti à crueldade. Não resisti ao drama. Não resisti às semelhanças. Não resisti à fragilidade e à minha própria vontade de emendar o que alguém fez de mal. Os acabamentos irónicos fazem-me lembrar mais ignorância que maldade, ainda assim, tudo é indesculpável aos meus olhos e eu não tenho o poder de condenar. Quando o cérebro diligenciou junto da razão, era já tarde demais. Já algo se agarrava a mim na esperança de tantas palavras bonitas e ânsias que depositei. Não tive consciência do que tudo representava. Agora compreendo que se me altera a vida. O futuro. A postura. A visão dos que não sou eu. Um pequeno nada que é tanto. E eu não vos vou contar. Um dia, todos vocês se depararão com o meu impulso e compreenderão que a neve é branca, mas eu tenho uma preferência por peixe.