Estava triste, deprimido. Último dia do ano. E ela não só levara a casa, levara também os filhos.
Pensou dar um tiro na cabeça. Mas na cabeça onde? Têmpora, boca, glóbulo ocular? Não deu.
“Sozinha, sim.” Também ela era divorciada, claro, e o último namorado uma besta.
“E se eu fosse agora aí ter contigo?”
“És louco”, riu ela. E no seu riso ele leu, quase cem por cento seguro, um convite.
Meteu-se a caminho. Seiscentos quilómetros fazem-se em quatro horas.
Perto de Calavera del Reyno, ao Km 314, espetou-se.
Morreu feliz, como poucos (homens ou mulheres) se podem gabar.
6 comentários:
feliz ano novo!
muito bonito esse texto :)
Feliz ano novo, Mariana!
Os textos do Zink têm sempre o seu quê de belo! :)
Pois os textos do Zink são de uma arte suprema :)
E são! E eu estou a gostar muito do(a) Rei!!!
Eu também quero um amor redentor assim para não estoirar com os miolos. E não importava que estivesse em Cordova ou na Patagónia.... :(
não importa onde o amor está!
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